Os Estilos Parentais: vamos entender
Sabemos que quando o assunto é a educação dos filhos, famílias divergem no modo de educar, cada uma a seu modo, tentando fazer o melhor pela educação dos filhos.
Podemos então dizer que temos três estilos parentais: o autoritarismo, a permissividade e a Disciplina Positiva. Para conhecermos a Disciplina Positiva, precisamos antes compreender essas duas outras formas de educar, que são o autoritarismo e a permissividade.
O que é autoritarismo?
O autoritarismo é aquela forma de educar, em que os pais são mais firmes do que gentis. A firmeza no trato com a criança e o adolescente é o seu marco principal. Castigo, ordem, obediência, gritos, violência são algumas das características desse tipo de educação. Em regra, a criança não tem voz. Não importa a motivação para cessar o mau comportamento, conquanto que ele cesse.
O que é permissividade?
A permissividade, por sua vez, é aquela forma de educar em que os pais são predominantemente gentis, em detrimento da firmeza. É a gentileza excessiva conduz a relação entre pais e filhos. Nesse estilo parental os pais cedem demais, fazem trocas, desistem de tentar. Afinal, impor limites dá trabalho.
O que é a Disciplina Positiva?
A Disciplina Positiva pode ser sintetizada como a forma de educar, ou seja, o estilo parental, em que os pais buscam o equilíbrio entre o autoritarismo e a permissividade.
Diferente do que muitos pensam, a Disciplina Positiva não se confunde com a permissividade. Não é porque a gentileza está presente, que ela deva assim ser entendida.
O que a Disciplina Positiva busca é o caminho do meio, o caminho do equilíbrio, no qual as condutas parentais sejam permeadas sempre pela gentileza E a firmeza. Assim, os pais devem desenvolver em cada interação com os filhos, a gentileza E a firmeza. O desafio, portanto, é ser gentil sem ser permissivo e ser firme sem ser autoritário. Eu sei, não é fácil, mas é possível! O que aprendemos na nossa infância, especialmente até os 6 anos, servirá como base para toda a nossa vida e a forma que nos relacionaremos com as pessoas.
Quais os efeitos em longo prazo da educação que recebemos?
Pare um pouco e pense em você criança diante da sua mãe ou do seu pai após você ter feito algo que eles não gostaram (pode ser entornar um copo de leite, brigar com o irmão, deixar comida no prato, não querer tomar banho, …). Qual sentimento da sua criança vem à tona? A) compreensão, conexão, amor (…); ou B) medo, raiva, tristeza, inadequação (…)? A maioria de nós experimentou sentimentos do grupo B na infância, e que hoje se revelam na nossa forma de sentir e agir.
Se temos medo hoje quando um chefe chama nossa atenção, se reprimimos choro por vergonha, se não aceitamos ouvir o choro dos nossos filhos, tudo isso é reflexo da educação que recebemos na nossa infância.
Com a Disciplina Positiva, a ideia é criar mais conexão com os nossos filhos, tratando-os com respeito e amor. E como seria isso na prática então? É o que veremos a seguir, em uma visão mais ampla, apesar de geral, de como podemos aplicar a Disciplina Positiva na prática, em contrapartida aos outros dois estilos parentais.
Disciplina Positiva e Conexão
Podemos aumentar a conexão com os nossos filhos a partir do conhecimento do que a Disciplina Positiva nos propõe.
A Disciplina Positiva vem para nos ensinar a sermos gentis E firmes ao mesmo tempo. Mas como assim?
Observe que toda vez que nos referimos à gentileza E firmeza aqui no texto, utilizamos o conectivo “E” maiúsculo, e isso tem o propósito de chamar a nossa atenção para esse conectivo. Então, anota essa dica! Vamos ao clássico exemplo da hora do banho. Na maioria das casas, a hora do banho é desafiadora, porque as crianças inventam mil desculpas para não irem para o banho, procrastinam ao máximo. Já consigo ouvir esse diálogo: FILHA: – “Mãeeee, não quero tomar banho agora, estou brincando, não está vendo? Mais tarde eu tomo.” MÃE AUTORITÁRIA: – “Mariaaa, você está brincando, MAS é hora de tomar banho. Já pro banho agora ou vai ficar de castigo!” ou MÃE PERMISSIVA: – “Mariiia, é hora do banho, MAS se não tomar também é você que vai ficar suja. Não quer tomar, não toma!” Clássico, não é mesmo?
Porém, talvez você nunca tenha pensado que o “MAS” que usamos tanto na nossa fala com as crianças, traz sentido de contrariedade. Não dá mesmo vontade de fazer nada. Vamos começar a trocar o “MAS” por “E”. Vejamos:
– “Mãeee, não quero tomar banho agora, estou brincando. Mais tarde eu tomo.” – “Filha, eu vejo que você está brincando (conexão) E é hora do banho (indica a ação com firmeza). Você vai levar qual brinquedo para o banho?”
A ideia do diálogo mudou com a troca do conectivo e também pela escolha das palavras e conexão estabelecida com seu filho. A hora do banho pode ser uma hora divertida. Por que então não levar um brinquedo (possível de molhar, claro) para o banho?!
Essa é apenas uma das ferramentas práticas que a Disciplina Positiva nos propõe. São muitas as formas que temos para estabelecer conexão, com gentileza e firmeza ao mesmo tempo. A Disciplina Positiva quando compreendida em sua essência, promove verdadeiras mudanças nos relacionamentos.
E todo mês vamos trazer ferramentas práticas para ajudar você a colocar a Disciplina Positiva em prática na sua casa, com seus filhos, e observar a relação de vocês se transformar, gerando mais conexão e cooperação. E vamos juntos por uma educação mais respeitosa!